quarta-feira, 1 de julho de 2009


POÉTICA



Poesia, como sobrevives
ao monólogo das bombas?
e pulsas ainda, fútil,
no refúgio das sombras?

Poesia, quem te imagina
perene fruto? ácido
o sumo, impenetrável
a polpa de ferro ou aço?

Um fermentado objeto
nasce nos mangues
- Homem – perdido
entre o pus e o sangue.

A Poesia não sutura
seu coração aberto,
nem indica (entre cruzes)
o rumo certo.

Poesia, negro remorso,
arrasta sobre nós
teus podres remos:
e deixa-nos sós.


CLAUDIO MURILO LEAL

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