POEMAS
poemas são remos
arrimo ramificações
do corpo – eflúvio aflito
régua em descompasso
arremesso da medida
entre o arbitrário
e a paixão do infinito
poemas são ritos
reza rumor resíduo
remontam um credo antigo
oração bruxuleante
estribilho: coro de vozes
que afugenta a cautela
poemas são fogos de artifício
desvencilham-se da escrita
fragmentos sonoros faíscam
vaga-lumes grafitam luzes
no calor do risco
Flora Furtado
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