segunda-feira, 2 de novembro de 2009

ARTE POÉTICA




A poesia, a mais libertina das artes,
dá cambalhotas, dança no trapézio,
veste andrajos nos salões.
Só tem por limite o ilimitado.
Não tem arestas nem se prende à circularidade.
salta sobre as muralhas do jardim de Apolo.
A Dionísio faz curvas, cerimonioso.
tem de Narciso o inatacável riso.
O lampejo fluido da música
e a concretude da iconografia.
Alimenta-se da experiência
e quanto toca em si transforma.
Bebe a luz do nada e vibra nas cordas da essência,
em ressonância de nervos e neurônios.


Márcio Catunda

2 comentários:

  1. como comentario este meu poeminha...

    Poética I

    Se queres dizer da poesia
    como Charles Bukowviski
    diga o que for sobre a vida
    que viver é o mistér da arte.

    Diz o que se faz da noite,
    que se encerra no pleno dia.
    O que preenche o vazio
    que no peito te dilacera.

    No fundo do quarto, do bar imundo
    do intenso do fundo do fundo de tudo
    d’onde tudo vem surgindo, emergindo
    e a embriaguez te faz mudo e frio.

    Como um fio da insuspeta
    e mínimésima parte, a poesia processa
    o dia como o no grande Mar Aral,
    - ao princípio nasce de um rio

    e antes dele, a nascente primeva
    e tênue; escassa de peixes.
    Fale da vida nanica, vil e vazia.
    E, sem precisar, diga-lo sempre em poesia.

    Ricardo Reis

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