domingo, 7 de junho de 2009

A COLHEDORA DE PALAVRAS

Márcia Leite, à esquerda




Ninguém sabe quem sou além dos olhos.
Há uma imensa melancolia nas lucidez
que me escolta por cavernas abarrotadas de palavras.
Nesses momentos, a solidão que me precede
se agiganta à frente dos pensamentos
turvando a visão, dificultando o trabalho.
O útero de pedra
onde moram as palavras ainda não colhidas
é tão frio quanto o musgo
por onde caminho os pés descalços.
é proibido o uso de qualquer proteção
às colhedoras de palavras.
Os pés, as mãos, todo o corpo, devem estar nus.
Qualquer outro contato
mataria as palavras antes da colheita
despertando a ira das ninfas que as geraram
e a colhedora de palavras seria punida
com o exílio eterno na ilha da Dúvida,
onde Nada se completa.


Márcia Leite

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