sábado, 19 de setembro de 2009

POEMA


POEMA


Para se ter direito a um poema
é preciso penetrar-lhe os silêncios

é preciso um mínimo
uma pausa que seja mas pausa
de semibreve

não de colcheias serelepes
ou confusas semifusas

que o poema precisa de t e m p o respiração relaxamento


para se ter direito a um poema
é preciso interpretar-lhe os gritos

suas trilhas cachoeiras suas muitas corredeiras


palavras são lâminas lama que cura
que corta
que sangra


que provoca indeléveis rup turas

para se ter direito a um poema
é preciso ter coragem de se ver

se reconhecer
do outro lado do espelho
do outro lado da margem


Telma Costa

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