Poemas de Wanda Lins
Do livro: 50 Tempestades
Ouça em: http://papopoetico.blogspot.com/
se fosse
se fosse uma curva seria parabólica
saída do chapéu cônico de uma bruxa diabólica
se fosse uma linha seria duas paralelas
retas infinitas magrelas
se fosse um ângulo seria paralático
nada como ser um ângulo galático
se fosse um objeto sem dúvida um parabelo
verde e amarelo
e se fosse um raciocínio
seria pitbulmente paradoxal
mas não sou nada disso
sou
só
eu
parahybana e paranormal
ai ki do
Sensei
sei não…
isso de ensinar
a matar com s mãos
sem muito esforço com tanta elegância…
(shisei and beauty em movimento
a cada momento de cada momento)
Sensei
sei não…
ensinar isso a uma débil mental violento racional
animal paranormal etcetera e tal
será isso sensato, Sensei?
sei não… sei não…
50 tempestades
um homem bom que conheço
em suas terras sem fim nem começo
50 tempestades cria
violentas, irredutíveis, belas
às vezes ele passeia por aí
cavalgando uma delas
ai como eu queria ser
uma ds tempestades
desse homem bom
galopando o redor do mundo
linda
lúcida
irada
e por meu dono cavalgada
minha alma perdeu sua sombra
minha alma perdeu sua sombra
numa noite de lua cheia
partimos à sua procura
rodamos vales rodamos montes
atravessamos mares lares bares
a encontramos numa floresta
com ares de catedral
tinha tomado a forma de um lobo solitário
demente esfomeado
de olhar avermelhado e caninos de marfim
trilhava uma senda perfumada de sangue
a lua beirava a fosforescência
a terra suava violência
não foi fácil trazer de volta
de minh’alma a louca sombra
que me assombra e me faz dar
risadinhas mais que estranhas
oriundas das entranhas
não foi fácil
convite
jorrarei incêndios!
pelas ruas da cidade
pelas cidades do mundo
pelos mundos que descobrirei
aqueles que pelo fogo
não forem engolidos
a esse espetáculo
eu os convido
por certo cobrarei a entrada:
de graça nunca mais nada
damas cavaleiros idosos crianças
pagam inteira
bichos e artistas só meia
loucos não pagam nada
assassinos seriais: meus convidados especiais
meu diabo
quando baixa o sufoco
abro a jaula
solto meu diabo
tem um olho preto
um olho verde
veste-se de couro e aço
ao ver-se solto de alegria
dá cambalhotas rodopia
puxa a língua
e às gargalhadas
começa por bagunçar
as cabeças entulhadas
de certezas enferrujadas
sem dó nem pena amarfanha
os pensamentos engomados
e joga pela janela
os desejos arquivados
estala os dedos e materializa
os conceitos abstratos
desmaterializa os fatos
desmoraliza os chatos
desempoa os esqueletos
dos armários da família
os convida pra dançar
endiabrada seguidilha
enfim quando solto meu diabo
faz o diabo
faz arte e pinta o seis
número matemàticamente perfeito
por ser a soma de seus fatores
sabiam disso meus amores?
meu diabo não tem jeito
e quando meu espírito
por fim sente-se arejado
meu diabo meu capeta
após última careta
seu olho negro rindo irônico
seu olho verde sorrindo sardônico
faz uma irreverente reverência
ao caos por ele criado
e volta pra minha cachola
satisfeito e bem comportado
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