sexta-feira, 5 de março de 2010

Mais poesia, mais humor


Poemas de Wanda Lins


Do livro: 50 Tempestades


Ouça em: http://papopoetico.blogspot.com/




se fosse


se fosse uma curva seria parabólica

saída do chapéu cônico de uma bruxa diabólica


se fosse uma linha seria duas paralelas

retas infinitas magrelas


se fosse um ângulo seria paralático

nada como ser um ângulo galático


se fosse um objeto sem dúvida um parabelo

verde e amarelo


e se fosse um raciocínio

seria pitbulmente paradoxal


mas não sou nada disso

sou

eu


parahybana e paranormal


ai ki do


Sensei

sei não…


isso de ensinar

a matar com s mãos


sem muito esforço com tanta elegância…


(shisei and beauty em movimento

a cada momento de cada momento)


Sensei


sei não…


ensinar isso a uma débil mental violento racional

animal paranormal etcetera e tal


será isso sensato, Sensei?

sei não… sei não…


50 tempestades


um homem bom que conheço

em suas terras sem fim nem começo

50 tempestades cria

violentas, irredutíveis, belas


às vezes ele passeia por aí

cavalgando uma delas


ai como eu queria ser

uma ds tempestades

desse homem bom


galopando o redor do mundo

linda

lúcida

irada

e por meu dono cavalgada



minha alma perdeu sua sombra


minha alma perdeu sua sombra

numa noite de lua cheia


partimos à sua procura


rodamos vales rodamos montes

atravessamos mares lares bares

a encontramos numa floresta

com ares de catedral


tinha tomado a forma de um lobo solitário

demente esfomeado

de olhar avermelhado e caninos de marfim


trilhava uma senda perfumada de sangue


a lua beirava a fosforescência

a terra suava violência


não foi fácil trazer de volta

de minh’alma a louca sombra

que me assombra e me faz dar

risadinhas mais que estranhas

oriundas das entranhas


não foi fácil



convite


jorrarei incêndios!

pelas ruas da cidade

pelas cidades do mundo

pelos mundos que descobrirei


aqueles que pelo fogo

não forem engolidos

a esse espetáculo

eu os convido


por certo cobrarei a entrada:

de graça nunca mais nada


damas cavaleiros idosos crianças

pagam inteira

bichos e artistas só meia

loucos não pagam nada

assassinos seriais: meus convidados especiais



meu diabo


quando baixa o sufoco

abro a jaula

solto meu diabo

tem um olho preto

um olho verde

veste-se de couro e aço

ao ver-se solto de alegria

dá cambalhotas rodopia

puxa a língua

e às gargalhadas

começa por bagunçar

as cabeças entulhadas

de certezas enferrujadas

sem dó nem pena amarfanha

os pensamentos engomados

e joga pela janela

os desejos arquivados

estala os dedos e materializa

os conceitos abstratos

desmaterializa os fatos

desmoraliza os chatos

desempoa os esqueletos

dos armários da família

os convida pra dançar

endiabrada seguidilha


enfim quando solto meu diabo

faz o diabo

faz arte e pinta o seis

número matemàticamente perfeito

por ser a soma de seus fatores

sabiam disso meus amores?


meu diabo não tem jeito


e quando meu espírito

por fim sente-se arejado

meu diabo meu capeta

após última careta

seu olho negro rindo irônico

seu olho verde sorrindo sardônico

faz uma irreverente reverência

ao caos por ele criado

e volta pra minha cachola

satisfeito e bem comportado

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